Custo de vida

Inflação em Santa Maria fechou 2017 com 3,23%

Diogo Brondani

Gabriel Haesbaert (Diário)/Pedro Fassinato, 73 anos, tem quatro carros na empresa, que consomem 300 litros por semana. Alta nos postos pesou no orçamento

Alta da gasolina num dia e reajuste do preço do gás no outro. O ano de 2017 foi um tormento para o bolso do consumidor quando analisamos os valores de itens que constam no consumo diário das famílias. No entanto, apesar de quase todos os produtos básicos terem registrados alta nos preços durante o ano de 2017, a inflação em Santa Maria para o período não foi tão alta assim. Conforme os dados divulgados pelo Laboratório de Práticas Econômicas, do Curso de Ciências Econômicas da Unifra, o Índice do Custo de Vida de Santa Maria (ICVSM) teve uma variação de 3,23%. O dado é menor do que o registrado durante o ano de 2016, quando fechou em 8,52%.

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Os grupos que mais contribuíram para esse percentual foram os integrantes de Saúde e Cuidados Pessoais e Transportes. O primeiro teve alta de 11,05% durante o ano passado, puxado pelos remédios anti-inflamatórios que subiram 54% e por cremes de pele e bronzeadores, com reajuste de 43%, por exemplo. Já o segundo registrou inflação de 10,25% alavancado pela gasolina, com acréscimo de 8,5% durante para o período. No caso do grupo Habitação, que teve alta de 2,78%, um dos itens de maior peso foi o gás de cozinha, que alcançou índice de reajuste de 21% em 2017.

O único grupo avaliado que fechou o ano com deflação (índice negativo), foi o da Alimentação, apontando para -0,81%. O arroz e o feijão, componentes tradicionais da mesa do brasileiro, puxaram esse índice para baixo, já que o primeiro apresentou redução de -14,2% e, o segundo, -20,2% de janeiro a dezembro de 2017.


GASOLINA PESOU

Para o empresário Pedro Fassinato, 73 anos, que tem quatro carros na sua empresa, o aumento do preço da gasolina foi significativo no orçamento mensal do seu negócio. Segundo ele, o gasto chega a 300 litros do combustível semanalmente, e a despesa com esse consumo foi doloroso ao longo do ano. 

- Até o final do ano, passei a gastar mais de R$ 1,6 mil pela mesma quantidade de gasolina. E não tem como deixar de abastecer. A empresa precisa dos carros na estrada. A medida para tentar economizar é andar com a manutenção em dia e cuidar a velocidade - diz o empresário.

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O mesmo ocorreu com a estudante Bárbara Firmo, 32 anos, que usa o carro todo dia para levar os filhos à escola e para ir à faculdade.

- Encho o tanque, em média, três vezes ao mês, e percebi que o aumento, no final de cada mês, foi de mais de R$ 200 em comparação ao começo do ano passado - contabilizava a estudante, enquanto abastecia o carro.


FAMÍLIAS VOLTARAM A PRIORIZAR GASTOS BÁSICOS

Para o economista Alexandre Reis, a desaceleração da inflação durante o ano de 2017 mostra uma recuperação econômica, mesmo que lenta e gradual.

- As expectativas na economia já estão melhores do que no ano passado. Há uma grande tendência de alta do nosso PIB nesse ano. O preocupante ainda são dois fatos: o desemprego e o problema institucional e político no Brasil. Quanto à melhoria para o consumidor, alerto ainda para o alto endividamento das famílias, fator que ainda pode dificultar o consumo no 2018. Saliento que as famílias e as empresas devem buscar soluções para esse fato, bem com o governo também - avalia Reis.

Além disso, para o economista os dados mostram que as famílias estão priorizando os gastos básicos.

- Em primeiro lugar, é conveniente esclarecer que cada pessoa/família possuiu um custo inflacionário. Como não se calcula a inflação individualmente, os índices fazem uma média de consumo comum ou não entre os consumidores de produtos e serviços. Sendo assim, os índices oficiais da inflação mostram exatamente isso, como está a média de consumo de certos produtos pela população. Mas, de fato, é evidente, conforme os dados oficiais, que as famílias estão priorizando os gastos básicos. Estão seguindo uma prioridade de preferências, e as que se salientam são os alimentos e alguns itens básicos - analisa.

Segundo ele, os sinais de recuperação puderam ser vistos nas vendas do Natal de 2017, que já tiveram pequena melhora em relação ao 2016 e 2015, o que indica tendência que, aos poucos, o consumidor está voltando a consumir produtos e serviços variados da sua cesta de produtos. Para o decorrer do ano, Reis acredita que inflação deve reduzir:

- Deve haver comportamento de desaceleração. O único porém será o 2º semestre de 2018, quando teremos eleição e um crescimento econômico mais sustentado. Assim, pode-se ter aquecimento da demanda e pequena mudança nos preços na economia. Mas o cenário indica baixa inflação e juros baixos.


SENSAÇÃO É DE INFLAÇÃO MAIS ALTA

O Índice do Custo de Vida de Santa Maria (ICVSM) é calculado sobre a análise de mais de 2 mil itens de consumo. Alguns pesam mais do que outros no bolso do consumidor. Por isso, em alguns casos, as pessoas costumam ter a sensação de que os preços sobem bem mais do que a inflação medida pelos órgãos de pesquisa. O economista responsável pelo cálculo do ICVSM Mateus Frozza explica os fatores que influenciam nisso.

- A inflação fechou em 3% e a energia subiu 30%. Isso ocorre porque pesquisamos em torno de 2 mil itens na cidade. Uma queda ou aumento podem ser diluídos neste aspecto. Outro fator é o peso de cada item no orçamento, ou seja, a gasolina pesa muito, e sobe 10%, e fósforo subiu 60% e consumidor não percebeu. Este comportamento é atribuído a bens elásticos e inelásticos em relação ao consumo. Mais substitutos, mais elásticos, o contrário, mais inelástico. Peso na pesquisa significa maior incidência de consumo. Quanto mais consumo, maior o peso na inflação - analisa Frozza.

Sobre a queda dos preços da alimentação, Frozza diz que os preços baixaram por uma clara mudança de comportamento do consumidor, forçado pela escassez de crédito. Fatores sazonais interferiram.

- O desemprego força os preços a baixarem, isso fica claro que grandes redes e pequenos mercados investem cada vez mais em promoções - diz o economista, complementando que a metodologia usada no levantamento do ICVSM é com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2005, que mediu quanto cada santa-mariense gasta, em média, com cada produto ou serviço (a POF usada pelo IBGE no país é de 2007/2008).

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